No texto passado, falamos da importância dos exames serem analisados por especialistas, como Patologista Clínico ou Hematologista Veterinário, para um melhor resultado. Frisamos que as máquinas nunca conseguirão emitir laudos tão completos, dando margem para erros, diagnósticos e até tratamentos incorretos de doenças felinas.
Os exames laboratoriais servem para dar apoio ao exame clínico confirmando ou excluindo alguma suspeita, sendo, também, essencial para o acompanhamento do tratamento. Portanto, se eles não são feitos de maneira correta, o veterinário não consegue determinar a causa do problema, nem o tratamento adequado a ser seguido.
Mas o que os especialistas podem encontrar de diferente das máquinas ao analisar os exames laboratoriais?
As máquinas que realizam hemogramas só fazem a contagem das células e indicam se há uma anemia ou uma infecção/inflamação. Elas são incapazes de “enxergar” as alterações que possam existir dentro dessas células. Em uma anemia, por exemplo, a máquina somente informaria que o número de hemácias está abaixo do normal. Se essas hemácias estiverem parasitadas por alguma bactéria, a máquina não identificará a presença do agente e muito menos descobrir qual deles está causando a destruição dessas células.
Estes detalhes fazem toda a diferença no tratamento prescrito, porque mesmo que o animal receba uma transfusão de sangue para a correção da anemia, não será o suficiente para tratar a doença. O tratamento é somente paliativo, pois a causa ainda estará presente no organismo do animal e, sem a identificação do mal, ele não receberá o tratamento adequado.
O mesmo, e até pior, acontece com os glóbulos brancos (leucócitos). As máquinas também só contam quantos têm e não o que está acontecendo com eles. Dentro dos glóbulos brancos pode haver parasitas, alterações que podem indicar processo crônico, tóxico e até mesmo indícios de processo neoplásico. Simplesmente saber quantas células existe é muito falho, pois também é preciso saber o que esta acontecendo com eles.
Em termos generalistas, a máquina é incapaz de contar a quantidade de células com alteração na morfologia que podem indicar se a medula óssea está funcionando corretamente ou se está com problemas para repor as células que são perdidas. Ou, ainda, se existem células jovens ou velhas na circulação do sangue, dentre outras informações muito importantes.
Por isto, é fundamental que veterinários e tutores entendam a importância desta prática detalhista, pois os clínicos gerais, muitas vezes, não conseguem fechar um diagnóstico justamente por falhas desses exames. A medicina felina já é uma medicina de “exceção” e com exames incompletos, fica muito mais difícil oferecer um trabalho de qualidade e comprometido com os gatinhos.
O médico veterinário é responsável, inclusive, pelo laboratório que ele indica, já que um exame errôneo prejudica não só o tratamento do gato, mas a conduta do profissional. Legalmente, somente médicos veterinários podem realizar exames de animais; e os tutores devem exigir que eles sejam realizados por um patologista veterinário.
Vale ressaltar que exames mal feitos levam animais a óbito. Atenção! Por mais que as empresas de equipamentos afirmem que os exames são confiáveis, eles são incompletos. Acredite somente no seu médico veterinário para garantir a confiabilidade do exame e o faça assinar um documento se responsabilizando por isso. Se ele não o fizer, também desconfie!
No vídeo abaixo, eu conto um pouco mais sobre isso. Aproveite para continuar seguindo nossas redes sociais – Facebook, Instagram e Youtube – para ter acesso a conteúdos exclusivos do mundo felino.